Opinião

Os cortes sem fim na educação

Por Lênin Landgraf
Mestre em História (UFPel)
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A educação, como já amplamente discutido, é a base de uma sociedade mais justa, igualitária e em harmonia. Sabe-se que ela pode ser a porta de entrada para que, principalmente nossos jovens, mudem suas vidas, façam as escolhas corretas e até mesmo não entrem no mundo do crime que muitas vezes parece a escolha mais próxima. Dados mostram que países que investem na educação, ciência e tecnologia colhem os frutos muito rapidamente, com desenvolvimento, inovação e grandes avanços em suas populações como um todo. Basta olharmos para Alemanha, França e Inglaterra e compararmos com países sem tais investimentos. Ainda a título de comparação, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou a lista com os maiores investidores em educação no mundo, sendo eles: 1°) Luxemburgo; 2°) Áustria; 3°) Bélgica; 4°) Noruega; 5°) Estados Unidos; 6°) Coreia do Sul; 7°) Suécia; 8°) Canadá; 9°) França e 10°) Holanda.

Tenho como bandeira a firme defesa de uma educação pública e de qualidade, refletindo a minha mais pura gratidão às instituições que me formaram. Até então toda minha trajetória acadêmica foi em locais públicos. Minha graduação alcançada na Furg e o mestrado na UFPel. Devo muito a essas duas universidades. Penso, na verdade, que toda Zona Sul deve muito a elas, que são verdadeiros polos que movimentam - inclusive financeiramente - toda nossa região.

Nessa quarta-feira - não tão surpreso - recebi a notícia de que a Universidade Federal de Pelotas irá suspender o pagamento de bolsa a seus estudantes agora no final de outubro. Tal suspensão se deve aos sucessivos cortes de verbas que o governo federal vem realizando nos orçamentos de nossas federais. Essa expectativa de pane total na educação superior federal paira sobre nossas cabeças desde pelo menos 2016, ano em que os cortes se agravaram. Mas agora, o que era visto por alguns como impossível, me parece mais real do que nunca. Segundo um estudo do Instituto de Estudos Socioeconômicos, o gasto com educação em 2021 recuou pelo quinto ano consecutivo e, certamente, recuará em 2022.

O estudo aponta ainda que em 2021 tivemos o menos gasto com educação pública dos últimos dez anos. Reflitam: seria possível sobreviver recebendo um salário menor que o que recebias dez anos atrás? Note-se, ainda, a sensível queda no investimento de 2016 para cá, os valores gastos com educação nesses anos foram: 2016 (R$ 146,7 bilhões), 2017 (R$ 144,7 bilhões), 2018 (R$ 130 bilhões), 2019 (R$ 126,6 bilhões), 2020 (R$ 118,5 bilhões) e 2021 (R$ 118,4 bilhões).

Aliás, reafirmo, investimento em educação não é gasto, mas sim investimento. Os profissionais que se formam em nossas instituições são em sua maioria de excelência, muitos reconhecidos internacionalmente. A inovação e tecnologia que cresce nos campi chega para contribuir com toda a sociedade brasileira.

É evidente que nossa realidade - em todos os aspectos - é muito diferente da realidade dos países campeões em investimentos em educação que citei anteriormente, mas não é possível que se admita retrocesso ao invés de avanço nesse campo. A educação deverá ser, sempre, independente do partido que governar o país, prioridade. Se há dinheiro para tantas mordomias e absurdos que vemos na política nacional, por quê não para a educação?


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